segunda-feira, julho 07, 2008

Trilogia poética

dama da poesia

escrevi um poema
para uma dona
ela usou para
pisar na poça.


xadrez da poesia

escrevi um verso
sobre amor
na soma dos
quadrados dos catetos.


drama da poesia

escrevi um poema
ele ficou preso
dentro do livro.

domingo, julho 06, 2008

las gafas de sol

pelos meus óculos
correm milhares,
multidões de tudo.

à noite bilhares,
sábados à tarde
brilhantes.

domingos brilhantinas.

atrás dos meus óculos
correm meus olhos
atrás de você.

sábado, julho 05, 2008

a rua me esconde

mentir encher
a cara
cair na rua
sofrer babar
berrar doer
fazer
chorar
rastejar escabelar

acordo tomo
um café
cigarro saindo

corro corro

a rua me esconde
parei de escrever

não sei que mundo
objetivo reto
retângulo
lados iguais
certo casado
fiel cachorro
engajado

osso entalado
esse em que me meti
vivia em minha cama

acordava com o sol
irrefletido na vidraça
empoeirada
e a fumaça

névoa de café
e cinzas da noite

recordo

claro vaso
imperfeitas curvas
sorriso trêmulo
esconderijo

goteja lentamente
a vontade deixada
morta,

regalos embotados
num futuro inexistente

ladeira

um dia me fez
subir descer
correr
escorrer
ladeira abaixo.

procurava uma gota
qualquer tua
que entrasse
em meus poros.

um quadro

de cor vermelha enche tudo com seu doce odor. de pinceladas curvas perfeitas pinta meus olhos. enxergo gosto intenso, um laranja redondo, semi-círculo exato. exala suor embaça minha boca.
Durmo sono profundo
após páginas
exageradamente
escritas subescritas
poesias retalhos
retratos.
Dizem-me as
páginas,
imaginas centelhas
centauros
em cada
marca puxada
pelas orelhas.
Mil ovelhas
bestas mulas
centenas de cabeças.
Pede a poesia erótica
desfaça-me o desejo
de morder tua
artéria coagulando
idéias.
Esfacela minha boca
já um pouco
rouca
da miséria
louca, estéril.
Reviras
febres tormentas,
então voa
some morre
volta e meia
viras palavra.

A fome ao alcance da mão

Quisera me desgrudar
do olhar
daquele desenho
perfeito pregado
no enlace da mão.
Quisera desfixar
a atenção
entorpecendo
minhas pupilas
no canto
do olhar.
O corpo fixo
duro
burro sem cura
nem culpa,
asfixiado
quisera a mão
suspirando um toque, e
despistaria o luxo.
Um sono qualquer
invade e desvia
olhar adentro.
O corpo submisso
rende-se:
cai rente à mão
faminta feito cão.