quarta-feira, maio 21, 2008

Outra mão

Cabeça no mato

olhos pra baixo

sol subindo

sumindo

balão.

Fala de lua

estrela cometa

comenta erupções.

Encontra mão

segurando

corrimão

suspenso

sobe os cílios:

é sua

a outra mão.

quinta-feira, maio 15, 2008

O trompetista e a flauta

Você viu o que aconteceu ontem à noite!?

Vi.

Viu o sol como ficou!?

Ouvi dizer.

Eu fiquei olhando o tempo todo
achei que o mundo fosse acabar!


Descalabro!

Transverso,


arregalei fundo os olhos
ri o canto da boca.

domingo, maio 11, 2008

Lampejos contíguos lâmpadas acesas

Lampejos contíguos

sinapses.

Continua relampejando,

chove será?

Lâmpadas acesas

piscam,

venta a janela

apita.

Desliza rastro

quente

derrete a neve.

Nevoa e desaparece,

empilhados sonhos

diluídos em taças,

mesas da calçada.

sexta-feira, maio 09, 2008

Semáforo

Girafas trombas
jibóias preguiças
ratos cachorros
porcos.
névoas sombreadas
destilando chuvas,
chove.

Guarda
chuva inútil,
espera cutuca
num espelho
d´água uma
pomba morta
goteja pra cima
raios.

Como ainda
não estivesse,
distraio-me:
cheiro doce
irreconhecível
viscosidade da alma:
dois olhos,
mirando meus,
só meus
sozinhos aguados
acuados refletem
longos cílios
cuidados
adormecidos em
meus lábios.
Sanfoneia
goteira forma surdo,
desliza violino
entre os dedos
dos pés.
Silêncio. Sax.
Nota só
soando ensurda,
cerro e suo
olhos e volto.

Encharca d'água
do ônibus na poça
pomba da porra
do semáforo que abriu
fechou a rua
e não atravessou.