sexta-feira, dezembro 23, 2005

O de cada um

A gente tinha onze doze anos e se achava os adultos. Hoje com vinte e cinco me acho a maior criança besta do mundo. Mas, quer saber? Eu teria um filho com você. Ao som de Hey Jude, quem sabe de Tutti Frutti... quem sabe? É... quem sabe...

quinta-feira, dezembro 08, 2005

boba

É comum mas é como a ternura me invade:
bobamente.

mundo grávido


O mundo está grávido
carregado pelos braços,
desolados esfarrapos.
Meu pai está de vinho
cervejas,
minha mãe
anti-depressivo
sonanbula entre as cerejas.
A pequenina lá de casa
tem quase um ano
gravitando entre
as pernas anda
tropeça, tropeça, anda.
Eu de amor intenso
indeciso
late! late! berra!
Sempre eu
algo contida
pensa pensa
esfumaça
graça vida.
De amor em amor
cativa e vibra
enlouquece
sonha vira
vira sobe
desce vira
vira minha.
Gozo.

domingo, novembro 27, 2005

Bubble



Iggy Bailarina Pop... animal... não morre nunca mais...



Indescritível... Flaming Lips... até agora, o show mais lindo que já vi...



S S S S o o o o o o N n N n N n i C y o O o O o O o O u T h h h h h h

... não vou nem comentar ...

... viaja aí ...

quarta-feira, novembro 23, 2005

Mãos suadas

As pessoas mais especiais são também as mais bobas, tontas e inocentes. Como eu e você. Ralam e nunca se acham, sempre pensam que não são boas o suficiente, têm as mãos suadas e os pés também; pode estar um puta frio e os pés bem abrigados, mas estão gelados; pode estar um puta calor e os pés estão gelados e suados.

E as mãos então?

Sol nulo dos dias vãos
cheios de lida e de calma
aquece ao menos as mãos
a quem não entras na alma.

Não lembro o resto.

Mas, olha só, when i´m sixty-four...

Quando eu estiver velho, gostaria de ter no corredor da minha casa / Um mapa de Berlim / Com uma legenda / Pontos azuis designariam as ruas onde eu morei / Pontos amarelos, as ruas onde moravam minhas namoradas / Triângulos marrons, os túmulos / Nos cemitérios de Berlim onde jazem os que foram próximos a mim / E linhas pretas redesenhariam os caminhos / No Zoológico ou no Tiergarten / Que percorri conversando com as garotas / E flechas de todas as cores apontariam os lugares nos arredores / Onde repensava as semanas berlinenses / E muitos quadrados vermelhos marcariam os aposentos / Do amor da mais baixa espécie ou do amor mais abrigado do vento. (W.B.)

terça-feira, novembro 22, 2005

Trilha Sonora dos 10 aos 25

Com uma pequenina atenção para os meus 9 anos que passaram como mágica - Happy Xmas (John Lennon)

10 From me to you. Descobri Beatles nos vinis da minha mãe - sem saber que aos 9 já cantarolava John Lennon para imitá-la.

11 Twist and Shout. Não me lembro de ter tido esta idade.

12 Let it be. Verdades que não ouso revelar mas elejo "Always" de quem não me atrevo a contar. O pai do meu amigo tocava no piano e eu pirava, simplesmente.

13 Yesterday. "Domingo", nããããããão!!!! Argh, tá mais pra sexta-feira... fim de semana no parque, afoga essa vaca dentro da piscina!!

14 Revolution. Sempre.

15 Woman. Sem pensar em nada certo, nem concreto, muito menos objetivo, eu queria aprender a surfar e fiz, durante dois dias, minha mãe ir pra praia comigo as 7 da manhã, porque não queria que ninguém visse que eu não conseguia nem carregar a prancha embaixo do braço.

16 Help. AAAAAAAAAH!!

17 Yellow Submarine. UUAAAAAH!!

18 With a little help from my friends. Cof! Cof! Bléh!

19 All my loving. AAAAAARGH!!

20 I wanna hold your hand. Enfim a calmaria pra entrar em outra turbulência.
"Oh yeah! All right!
Are you gonna be in my dreams tonight?
And in the and,
The love you take is equal to the love you make".

21 When I´m sixty-four. Gol! Gol! Gol! Gol! Gol! 5 a 1? Chupa P...

22 Ob-La-Di Ob-La-Da. Um dia queria me matar (só de manha porque se quisesse mesmo o teria feito). Mas aí... respirei... suspirei... e... amei.

23 Something. Traição, amor, luxúria, loucura, delírio, solidão.

24 A hard days night. Pé na jaca, chutei o balde e tomei o primeiro bonde chamado desejo.

25 Across the Universe, I´m only sleeping, Don´t let me down. Dza...

...voei.

domingo, novembro 20, 2005

a pulga e o percevejo (em soneto)

Meu quarto está infestado de formigas
elas estão me picando à noite inteira
meu quarto vai cair
elas estão comendo o rodapé.

Já mudei de lado, acendi a luz
elas não vão embora
querem o lugar da pulga
querem jantar o percevejo.

Eles fizeram uma combinação
verde amarelo espalharam
bolinhas pelo chão.

E a formiga ambiciosa
invadindo meu colchão
dominou aquela noite tão graciosa.

terça-feira, novembro 01, 2005

Alguma maturidade sobre a verdade

...assim vai sendo até que as coisas mudem de verdade, de verdade mesmo. Essa verdade a gente sente como um sentimento mesmo, ela não é racional, ela bate bem la no fundo. É como amor, tristeza, saudade, dor. A verdade está no mesmo barco furado que nunca afunda, mesmo que toda a tripulação se afogue. O que torna as coisas inexplicáveis, concretas, é justamente essa teimosia humana em querer explicá-las. Essas coisas aí, amor, tristeza, de tempos em tempos tomam corpo, materializam-se exatamente porque a materialização carrega dados e dados "cobiçosamente" nos guiam a verdades. As verdades são cobiças intrisecamente humanas. Graças a deusa inventaram a maturidade (deve ter sido uma deusa, com certeza!!), pq ela é perfeita, ela é a resposta perfeita, o equilibrio perfeito do ser humano nessa busca da verdade. Porque? Porque o sujeito, de repente, acredita que a verdade existe. Caminha, caminha, corre, pára, volta, durante toda a busca. E o que resta? Onde ele chega? Na maturidade e não na verdade. Eu não sei até onde isso pode ser verdade, mas tenho uma certeza: amadureço buscando verdades e é quando canso que ela desponta.

Uma única verdade é isso:

[rossy] diz:
to cansada mano
Preta diz:
ai dó
Preta diz:
tb... nao dormi
[rossy] diz:
pq ce naum dormiu?
Preta diz:
as deusas nao deixaram
[rossy] diz:
como uma deusa, vc me mantem

domingo, outubro 30, 2005

Vá dia!

Ando, corro, páro,
volto ao mundo.
O dia é superfície
numa palma.
A noite acorda
mais fundo na alma.
Sobe e vira dia;
vira e desce noite.

quinta-feira, outubro 27, 2005

Preto. Escuro. Tudo obscuro. Uma fumaça sai de uma extremidade cinzenta em brasa. É o único foco de luz. A mesma música repete-se infinitas vezes perdendo-se em minha distração. Ressoa nothing´s gonna change my world semanas e semanas a fio. Entro com a pisada seca e mantenho o passo firme. No palco, nada se mexe, apenas o pequeno ponto em brasa, na altura do meu peito. Ressoa, ressoa, ressoa, ando. Silêncio, enfim.
Disse aquele que, para mim, melhor decifrou a alma humana que "a armadilha do ódio é que ele nos prende muito intimamente ao adversário. Eis a obscenidade da guerra: a intimidade do sangue mutuamente derramado, a proximidade lasciva de dois soldados que, olhos nos olhos, transpassam-se reciprocamente" (Kundera).
O ódio é pequeno, mesquinho, chulo? Não. Ele rasteja ao rés-do-chão. Redundante, portanto. Pior é ser superior. Entregar-se a essa farsa mal engajda que vomita falso moralismo. Mas a entrega ao abate faz descer o semi-deus de cada um quando ele é capaz de olhar com seus próprios olhos na altura exata de outros que assim, perfeitamente, os reflitam. E o abate é rente ao chão; é mais vivo porque é vida.
"A solidão: doce ausência de olhares. (...) os olhares eram fardos isuportáveis" (ele de novo!).
Aquele silêncio marcou o exato momento do suicídio: se matou para mim; não existe mais como antes em minha vida; é outra, uma outra que pode estar em qualquer parte, ser qualquer outra.

Quanta verdade há nas coisas mais belas!
E quanta coisa tenho aqui dentro
não sei mais onde empilhar.
Idéias movediças, passageiras
corriqueiras sempre cordilheiras.
E mais essa, passando de texto em texto,
palavra pouca pro que pretendo gesto.
De repente já não me perco
me vendo de fora para dentro
dormindo pouco e deixando solto
o que tiver de ser levado pelo vento.

domingo, outubro 23, 2005

Aonde vai aquela criatura a sorrir.

Todo mundo que se fode cria um blog. Quem já está, também e quem quer, mais ainda. Embora nada vá mudar o meu mundo alguém pode sorrir de maneira diferente de ontem e livrar-se de amanhã. Rá. Vida fácil. Afrodite. Graças a deusa, me disseram. Acreditei. Em toda a mentira do mundo encoberta de desejo. Fácil vida fácil. E disseram vida louca vida. Também. Só, assim, prefiro. Convites queimados de um passeio pela vida. Vire-se. Agora é a minha vez de ser, só.