sexta-feira, junho 02, 2006

Álgebra

Como pintam quadros
como dizem as poesias
e calculam estrelas
como não páro e não canso:
aparece alguém
ímpar
e você apenas
pede que
não se mexa.
Um heterônimo
assim equivale
a um quinto
de mim.

sexta-feira, maio 26, 2006

Audácia

Força
dança tímida
em tuas formas.
Olhar silencioso
difícil escolher
palavra.
Se encanta ainda,
tão nova, no fim
da vida.
Se impiedoso
te corrói
o desejo,
audaz o dedo
que te roubar
um beijo.
Ah trêmula ousadia
xingo-a, atiro-lhe
uma mesa,
imperfeita humana,
semi-deusa!
Plenos poderes,
a todo vapor,
desenha palavras,
desafia as escritas.
Certeza tamanha,
não ousa
o vento
estranha beleza
adentro.
Corpo ereto,
perfeitas curvas
me levam
abismo certo,
com pequeno
golpe leve.

segunda-feira, abril 03, 2006

"E..."

Droga de amor





que me fez





assistir novela.

sexta-feira, março 31, 2006

Delírio Imóvel

Venda-me
atreva-se!
Atravessa
a rua do centro
do meu peito.
Adentra!
Geminando
minha pele à sua
case uma gota
minha de suor
em sua boca!
Rasga
minha alma
'inda de roupa.
Saia,
bata
a porta,
erra,
então me compra.

quinta-feira, março 30, 2006

ENFIM, A

I N F I D E L I D A D E : I N F I N D Á V E L I D A D E D A V A I D A D E

quinta-feira, março 23, 2006

Ou... ou... ora... ora...

não durmo
não durmo
não durmo
não durmo
não durmo
não durmo
não durmo
não durmo
não durmo
não durmo

não adianta

espero
espero
espero
espero
espero
espero
espero
espero
espero
espero
espero

Vou ficar acordada
até que você
speak to me in a language i can hear humour me before i have to go
deep in thought i forgive everyone
as the cluttered streets greet me once again
i know i can't be late, supper's waiting on the table
tomorrow's just an excuse away
so I pull my collar up and face the cold, on my own
the earth laughs beneath my heavy feet
at the blasphemy in my old jangly walk
steeple guide me to my heart and home
the sun is out and up and down again
i know i'll make it, love can last forever
graceful swans of never topple to the earth
and you can make it last, forever you
you can make it last, forever you
and for a moment i lose myself
wrapped up in the pleasures of the world
i've journeyed here and there and back again
but in the same old haunts i still find my friends
mysteries not ready to reveal
sympathies i'm ready to return
i'll make the effort, love can last forever
graceful swans of never topple to the earth
tomorrow's just an excuse
and you can make it last, forever you
you can make it last, forever you
ou me agrade ou me agarre.

quarta-feira, março 22, 2006

Gozo gramatical: Paroxítona terminada em ditongo

Me ouvia mas
não me entendia.
Nela eu via
algo que brilha,
mão que quase
se atrevia.

Quando me olhava,
certa que via,
nem mesmo um
gesto dela dizia.
"Outra bebida?"
sempre podia,
mas naquele trago
ela jazia.

Um dia
vaguei sozinha,
ia e vinha,
e nem uma
esquina me dizia
aquilo que
eu já sabia:
aquela que um dia
eu achei minha
hoje entoava
palavras vazias.

Seu nome terno,
na primeira sílaba
circunscrevia
minha longa
estadia;
na última
sílaba fria,
acendia a do meio
e por fim morria
ou dócil desistia.

Seu calor eterno
me contornava,
embaixo da cama
se escondia
ou logo em meus
braços ela dormia.

Me equilibrando
na guia,
chutava as poças
e um beijo apenas
já me alivia.
Podia agora
ir embora
depois que tudo
virou poesia.

quarta-feira, março 08, 2006

Crise existencialista

Sol Fa.
La Si Sol.
Mi Fa La:
Si Sol La Si,
Si Mi Fa Do,
Si La Mi Fa,
Mi Do Re
ou
Me odeia.

Regência do Gago

Si Si Si !!
La La La
Fa
So So Sol !!

Regência do Funk

Si Si Si Si Si
La La La La
Fa Sol
Fa Sol
Sol
Sol
Sol Sol Sol Sol

La Mi Do
La Mi Do
La Do Ré
La Do Ré

Assassínio

Calçada sarjeta
Calçada sarjeta
Calçada sarjeta

Calçada sarjeta

Calçada sarjeta

Calçadasarjeta
Calçadasarjeta

Calça da sarjeta
Calça da sargenta
Calça de sarja
Calça da Sacha

Calçada sarjeta
Calçada sarjeta
Calçada sarjeta

Calçada sangrenta

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Sabonete

- Hoje eu VOU assistir Clube da Luta (Convicta)

- Ah é? Porquê? (Pergunta sarcástica indignada irônica que não quer calar)

- Porquê? Porque dessa vez eu aprendo a fazer sabonete... (mais convicta do que nunca)

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Gabiiiiii

Gabi é uma menina rejeitada
come baião de dois sentada na calçada
Passa mal em pleno Natal
faz a ceia com plasil na veia.
(2x)
Gabi Gabi você passou
eu não resisti
só me sobrou enjôo
Quando falei pra tomar cuidado
você não ouviu saiu correndo
e morrendo de medo
me perdeu do seu lado
(2x)
Gabi Gabi você passou
eu não resisti
só me sobrou enjôo
Agora é tarde Gabi
a mamãe tá chamando
venha já até aqui
tem alguém te procurando
(2x)
Gabi Gabi você passou
eu não resisti
só me sobrou enjôo

quarta-feira, janeiro 04, 2006

auto-ajuda

É fato que eu tenho uma necessidade de escrever. É também necessário falar, botar pra fora, às vezes metralhar com a boca e não com essa sucessão de letras infindáveis, poderosas em preencher um espaço e uma história toda, porque assim fica guardado pra sempre. A mudança disso tudo é também sempre necessária porque serve pra amadurecer. Calma, isso é só uma introdução um tanto enigmática simplesmente porque estou com vontade de escrever. Nenhum motivo mais forte; não é enrolação pra suavizar alguma bomba. É mesmo em razão de gastar as palavras, calejá-las, se preciso esbofeteá-las e, principlamente, amassetá-las!!
Com o dia passando cheio, a distração vem e a mente se ocupa nem que seja de burocracias. Comecei a escrever isto e me distraí. Agora volto e tudo sossegou. Mas, vou compartilhar, mesmo assim. Senti o quanto estou sozinha com tantas coisas que vejo não acontecerem e que bastariam de apenas um pouco mais de vontade de viver daqueles que me rodeiam. É triste ver minha mãe largada na cama até as 11:30 da manhã sendo que ela tinha exames pra fazer e não foi. Ver meu pai se arrastando pela casa, ensaiando a manhã inteira pra cozinhar uma verdura, apesar do esforço que noto em pequenas coisas.
Saindo de casa, refleti no quão sozinha estou e conseguindo conviver com isso, finalmente. É triste sentir também uma leve proteção a mim e ao meu jeito e até mesmo ao passado como se ele continuasse a nos perseguir como uma sombra. Sem drama, mas até eu já esqueci certas coisas. Sigo em frente e quem quiser que me acompanhe, apesar do meu grande esforço brigar com meu jeito de ser de esperar pelo outro.
Mas estou no mundo para que já faça o que estão fazendo muitas pessoas: bicar tudo que não convém. É assim a pessoa da sociedade individualista e egoísta; é assim a solidão de uma vida inteira. Seríamos bem melhores em tudo o que fazemos se resguardássemos uma individualidade que sabe respeitar o diverso, se soubéssemos o que queremos pra nós mesmos sem que precisássemos puxar o tapete de ninguém, se fizéssemos da solidão momentos de resguardo e reflexão em benefício próprio para um melhor convívio com os outros.
Tenho me preocupado na medida certa com meus despejos; tenho me sentido bem e vitoriosa por isso. Mas muitas vezes tenho me calado por não ter vontade mesmo de falar aquilo que ou será ignorado, ou mal interpretado, ou então me exigirá energia à toa. Mesmo porque, muitas coisas não mudarão, porque compõem uma personalidade que não pode ser ignorada ou esfacelada. Está dada a tônica e a essência. O resto... bem, o resto a gente inventa com criatividade, bom-humor e uma sutil pitada de ironia.