sexta-feira, maio 09, 2008

Semáforo

Girafas trombas
jibóias preguiças
ratos cachorros
porcos.
névoas sombreadas
destilando chuvas,
chove.

Guarda
chuva inútil,
espera cutuca
num espelho
d´água uma
pomba morta
goteja pra cima
raios.

Como ainda
não estivesse,
distraio-me:
cheiro doce
irreconhecível
viscosidade da alma:
dois olhos,
mirando meus,
só meus
sozinhos aguados
acuados refletem
longos cílios
cuidados
adormecidos em
meus lábios.
Sanfoneia
goteira forma surdo,
desliza violino
entre os dedos
dos pés.
Silêncio. Sax.
Nota só
soando ensurda,
cerro e suo
olhos e volto.

Encharca d'água
do ônibus na poça
pomba da porra
do semáforo que abriu
fechou a rua
e não atravessou.

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